João José
Pinheiro Veiga era natural do Piauí, onde nasceu em 16 de março de 1921, e como
todo menino daquela época sonhava um dia ser oficial do Exército. Fez a Escola
Militar de Resende, no Rio de Janeiro, passou pela Escola de Moto-Mecanização
de Deodoro, sendo aprovado com distinção e teve, como prêmio, o primeiro
deslocamento para servir em outro Estado.
No dia 4
de setembro de 1943, aos 22 anos, o então 2º Tenente da Bateria de Engenhos e
Canhões Anti-Carros do Exército, João José Pinheiro Veiga chegou a Natal. Era a
época da II Guerra Mundial, Natal vivia o foco das atenções do mundo inteiro
como local da Base Aérea de Parnamirim, de onde partiam, diariamente, centenas
de aviões, entre caças e bombardeiros.
Serviu ao
lado do Tenente Fernando Correia Leitão (que em 1944 seria eleito Presidente da
Federação Norte-Riograndense de Desportos), na época torcedor do Alecrim. Ao
presenciar a participação do seu colega de farda, numa “pelada”, não teve
dúvidas e convidou Veiga para treinar no Alecrim Futebol Clube, de Natal.
A atuação
de Veiga foi tão convincente que, ao terminar o treino no Alecrim, os
dirigentes Sílvio Tavares e João de Brito fizeram com que o atleta assinasse um
contrato. Passou a jogar como meia-esquerda. Participou, como atleta, dos
campeonatos de 1944 e 1945, formando uma boa ala esquerda com Perequeté.
O Alecrim,
então, representava a terceira força do futebol potiguar, atrás de ABC e
América. Não havia sido implantado o profissionalismo. Como era mais dedicado
ao Exército, Veiga encarava o futebol como uma diversão, sem maior interesse em
levar adiante a ideia de um dia profissionalizar-se.
Como o
Alecrim não possuía um elenco muito categorizado, as vitórias também foram
escassas no confronto com a dupla ABC e América. Veiga era uma espécie de astro
em meio a alguns jogadores de poucos recursos técnicos.
Segundo o
jornalista Everaldo Lopes, Veiga era “um estilista, batia com violência na
bola”.
Havia
naquela época um intercâmbio muito grande entre os clubes do Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba e Pernambuco. E era comum um jogador vestir a camisa de outro
clube numa partida amistosa, contra um time de outro Estado. Por esta razão,
Veiga, mesmo sendo atleta do Alecrim, jogou várias partidas pelo ABC e América.
Contava Veiga: “cheguei a disputar partidas no sábado pelo América e domingo
pelo ABC”.
erminada a
guerra, Veiga foi transferido para o Rio de Janeiro, em 1946. Mas, não
demoraria muito tempo longe de Natal. Cinco anos depois, ou seja, em 1951, ele
voltou a Natal, iniciando uma nova fase na sua vida: a de dirigente.
Foi, então
eleito presidente do Alecrim pela primeira vez. No Alecrim, a pobreza era uma
constante.
Atuou como
árbitro de futebol no campeonato potiguar, foi Diretor da Divisão de Atletismo
da Federação Norte-Riograndense de Desportos, em 1959 foi reempossado na
presidência do Alecrim e em janeiro de 1960 renunciou à presidência do Alecrim,
pois teve que ir ao Rio de Janeiro fazer um curso especial no Exército.
Em maio de
1961 foi reconduzido ao cargo de Diretor de Atletismo da FND e em janeiro de
1963, foi eleito Presidente da FND.
Em 4 de
agosto de 1964, o vereador Orlando Garcia da Rocha, do PSB, apresentou projeto
concedendo o título de cidadão natalense ao então Major do Exército João José
Pinheiro Veiga, baseado, principalmente, nos vários anos que militou em Natal,
sempre prestando bons serviços ao desporto potiguar, quer como jogador do
Alecrim, depois presidente dessa agremiação e, por último, presidente da FND. O
projeto foi aprovado por unanimidade.
No dia 13
de julho de 1967, o então Tenente-Coronel João José Pinheiro Veiga tomou posse
como Presidente da Comissão Regional de Desportos, incumbida de superintender
os desportos na Capital do Brasil.
Menos de
um ano depois, na Assembleia Geral de Clubes de 2 de abril de 1968, foi eleito,
por unanimidade, Presidente da Federação Desportiva de Brasília, com 27 votos.
Tornou-se
um caso raro de dirigente que desempenhou a função de Presidente de duas
federações desportivas: a de Brasília e a do Rio Grande do Norte.
Teve a
infelicidade de ser presidente na pior situação em que atravessou o esporte
brasiliense, em particular o futebol.
Graças ao
seu grande conhecimento e esforço, ele conseguiu ultrapassar essa grande
batalha.
Entregou o
cargo na Assembleia Geral de 2 de abril de 1970, quando Wilson Antônio de
Andrade foi eleito o novo Presidente da FDB.
Também se
destacou no tênis, como tenista, e foi presidente da Federação
Norte-Riograndense de Tênis, além de fundar a Federação de Tênis do Piauí, onde
foi seu Vice-Presidente.
Depois que
deixou o esporte, reformado do Exército, foi Secretário de Segurança Pública do
Rio Grande do Norte, nos governos de Tarcísio Maia, Lavoisier Maia e Geraldo
Melo, comandando esta pasta governamental em um período acumulado de onze anos.
O grande
desportista faleceu no dia 12 de dezembro de 2008, com 86 anos.
Fontes
consultadas:
História
do Alecrim F. C., de Alberto Pinheiro de Medeiros
Jornalista
Everaldo Lopes, do Tribuna do Norte.
FONTE –
ALMANAQUE DO FUTEBOL
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